Entrevista a Nuno Hidalgo, guarda-redes do Benfica e Castelo Branco e da selecção de Portugal de Futebol de Praia



Destacado pela boa temporada na baliza do Sport Benfica e Castelo Branco no Campeonato Nacional de Seniores 2013/2014, Nuno Hidalgo, venceu o Mundialito de Futebol de Praia e o prémio de melhor guarda-redes ao serviço de Portugal este Verão.

Tendo como referências Paulo Graça e João Carlos no Futebol de Praia, conseguiu, aos 22 anos, deixar o seu nome patenteado na história do Futebol de Praia e podia ter saído do seu clube, para mais voos mais altos, como conta nas seguintes linhas.

Roberto Rivelino, criador do projecto O Mundo dos Guarda-Redes, entrevistou o guarda-redes ex-Sporting, Torreense, Atlético Malveira e Loures, que tem deixado bons apontamentos no Relvado, ao serviço do Benfica e Castelo Branco, e nas praias, com o SC Braga e Selecção Nacional:

Roberto Rivelino: O Nuno foi um dos destaques do CNS 2013/2014. Como é que avalia as suas prestações a nível individual?
Nuno Hidalgo: Foi uma época bastante possitiva para mim, tanto a nível individual como colectivo, foi a melhor época até agora. Comecei no Loures e quando saí estávamos em primeiro lugar, sem derrotas e com a melhor defesa da série. Tínhamos um grande grupo, mas a ambição falou mais alto e decidi ir para o Benfica e Castelo Branco.
Aqui encontrei uma grande equipa, e um grande grupo de jogadores e amigos, tínhamos uma grande união e jogávamos muito bem. Acabamos em segundo lugar com o melhor ataque e melhor defesa e só não subimos porque não nos deixaram. Foi uma grande época.

RR: Esteve muito perto de subir à Liga2, como referiu. O que é que acha que faltou para isso acontecer?
NH: O que faltou à nossa equipa foi apenas 1 ponto. O principal motivo por não termos subido de divisão foram factores extra Futebol. Estávamos em primeiro a 3 jornadas do fim e fomos a Ferreiras e um árbitro assistente anulou-nos 4 golos e mesmo assim conseguimos ganhar. Na jornada seguinte fomos a Leiria e acabamos o jogo com 9 jogadores e com mais 1 golo anulado, com o mesmo árbitro assistente que nos tinha apitado em Ferreiras. Como se isto não bastasse, ainda recebemos a notícia que nenhuma equipa da Segunda Liga iria descer, ou seja, dá-se mérito a quem desce e dá-se demérito a quem andou a lutar pela subida até ao fim do Campeonato. Uma vergonha, mas já passou e tivemos que levantar a cabeça.


RR: Com os destaques que recebeu, houve alguma possibilidade de dar outro rumo à sua carreira?
NH: Recebi algumas propostas, do Chipre inclusive, mas não era muito tentadora e decidi não ir. Recebi alguns convites da Segunda Liga, mas devido aos direitos de formação (porque ainda tenho 22 anos), não puder dar o salto para as competições profissionais. Sendo assim, no CNS dei preferência ao Benfica e Castelo Branco e assim foi, decidimos que eu iria ficar mais um ano. Gostou muito e estou muito contente em Castelo Branco. As pessoas gostam de mim e tratam-me bem e eu gosto de jogar onde me querem e onde sou feliz. Para o ano logo se vê.

RR: Quais são os objectivos que pretende atingir como guarda-redes de Futebol? E de Futebol de Praia?
NH: O meu objectivo neste ano no Futebol é ajudar a minha equipa a atingir os objectivos propostos. Se a equipa estiver bem, eu também estarei, sou mais um para ajudar. No Futebol de Praia, ajudar a selecção e o Braga a atingir também os objectivos propostos. Jogo a jogo.

RR: Que exigências existem em conciliar o Futebol com o Futebol de Praia?
NH: Por vezes é muito difícil conciliar, mas falando com as pessoas certas (direcção e treinadores do Benfica e Castelo Branco e Federação e seleccionador), tudo se resolve da melhor maneira e com a calma necessária.

RR: Onde se sente melhor? No relvado ou na areia?
NH: Eu sinto-me bem nos dois sítios, o que eu quero é jogar, ajudar as minhas equipas a ganhar, divertir-me com responsabilidade e sobretudo ser feliz a jogar.

RR: Que diferenças encontra um guarda-redes no treino de Futebol de Praia quando comparado com o treino de Futebol de 11?
NH: As diferenças entre uma e outra são que no Futebol de 11 existe uma preocupação com cruzamentos, e essa é a maior diferença, enquanto que no Futebol de Praia existe a areia que atrapalha os guarda-redes devido aos ressaltos, e temos de saber lançar a bola muito bem. De resto, as habilidades e competências que o guarda-redes deve ter nestas duas modalidades são idênticas: posicionamento, agilidade, reflexos, comunicação, calma, tranquilidade e boa técnica de mãos.

RR: Recentemente venceu o Mundialito de Futebol de Praia e o prémio de melhor guarda-redes. Imaginava este sucesso quando foi convocado para representar Portugal?
NH: Foi um orgulho enorme ter sido campeão no Mundialito e vencer o troféu de melhor guarda-redes. Antes de ir para o estágio um jogador pensa sempre em vencer a competição, só assim faz sentido, trabalhar sempre para vencer. Os prémios individuais são importantes, mas para mim, são secundários, em primeiro lugar está a equipa. E o facto de termos sido campeões, para mim, já foi um orgulho e uma satisfação enorme, conseguir juntar a isso o troféu de melhor guarda-redes ainda sabe melhor, é uma sensação fantástica para um guarda-redes. Juntando a isto o facto de termos sido vencedores na etapa da Liga Europeia, em Sopot (na Polónia), e eu ter sido também o melhor guarda-redes, ou seja, 2 competições seguidas a sermos vencedores e eu a conquistar os 2 troféus de melhor guarda-redes é uma sensação que não consigo descrever. É um grande reconhecimento do nosso trabalho, o que também só traz mais responsabilidade, mas quem trabalha bem e com motivação está sempre preparado.


Mensagem para O Mundo dos Guarda-Redes:

Gostaria de deixar uma mensagem muito positiva a este projecto que é exclusivamente dedicada a guarda-redes. É muito importante dar a conhecer o que é ser guarda-redes, a paixão pela posição, e sobretudo, valorizar os guarda-redes por esse mundo fora.


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